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Denominação histórica Matias de Albuquerque

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Denominação Histórica - Região Matias de Albuquerque

 

Em respeito a um passado de tradições e lutas contra o invasor estrangeiro em nosso território, a Portaria Ministerial nº 761, de 09 de outubro de 1991, concedeu à 7ª Região Militar a denominação histórica de “Região Matias de Albuquerque”, homenageando um dos heróis da nossa história, e que participou da resistência ao invasor holandês no Nordeste no século XVII.

Matias de Albuquerque era neto de Duarte Coelho, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco. Nasceu em Lisboa, no final do Século XVI. Filho do segundo casamento de Jorge Coelho de Albuquerque. Batizado Paulo, mudou o seu nome para Matias em honra de seu parente e tutor, Matias de Albuquerque, vice-rei da Índia.

Na batalha de Alcácer-Quibir, travada pelos portugueses contra os mouros no Marrocos, norte da África, em 1578, o jovem rei D. Sebastião desapareceu sem deixar vestígios nem descendentes. O pai de Matias de Albuquerque, o pernambucano Jorge de Albuquerque, foi gravemente ferido nas pernas, não podendo mais andar nem retornar à sua terra natal: Jorge ficou em Lisboa, onde casou e onde nasceram e cresceram seus dois filhos, Duarte e Matias.

Como a Espanha estava em guerra com os Países Baixos — uma confederação de sete nações, entre as quais a Holanda — Pernambuco, um grande produtor de açúcar, tornou-se uma província do império espanhol e passou a ser visado pelos flamengos.

Ainda adolescente, Matias sentou praça no Exército Português, no "Regimento Geral das Ordenanças", sendo designado para a histórica Praça-Forte de Ceuta, na África. Próximo a essa cidadela, no litoral norte africano, teve seu batismo de fogo e, por três anos, participou de várias expedições militares, o que lhe garantiu a necessária experiência para defender o Brasil nos anos seguintes. Em jovem recebeu o hábito da Ordem de Cristo e mais tarde foi comendador de três comendas da ordem. Serviu três anos no Norte de África.

Em 1624, surgiu a notícia de que a Companhia das Índias Ocidentais, instituição comercial holandesa com poder militar, planejava invadir o Brasil, sendo Matias de Albuquerque designado para planejar e executar a defesa da capitania de Pernambuco, como Capitão-Mor e Lugar-Tenente do donatário. Logo após sua chegada foi nomeado governador de Pernambuco.

No exercício do governo da capitania de Pernambuco, quando da primeira das Invasões holandesas do Brasil (1624-1625), à capital do Estado do Brasil, Salvador, foi designado interinamente pela Câmara (então refugiada na vila da Vitória, na Capitania do Espírito Santo) para o cargo de Governador-Geral do Estado do Brasil, diante da captura e deportação do seu antecessor, D. Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624).

Após a expulsão dos holandeses da Bahia, Matias de Albuquerque foi chamado de volta à Europa em 1627, mas retornou em 1629, devido a uma nova ameaça de ataque a Pernambuco.

Matias de Albuquerque, com poucos recursos, planejou uma “guerra lenta”, de desgaste, na qual o inimigo só teria prejuízos até desistir da empreitada ou ser expulso, tal como ocorrera na Bahia.

No dia 14 de fevereiro de 1630, os holandeses chegaram, enfim, com sete mil homens e desembarcaram na praia de Pau Amarelo. Apesar da brava resistência, logo se apoderam de Olinda e do Recife.

O capitão-mor recuou para o Arraial do Bom Jesus, uma fortaleza erguida por ele às pressas, mas extraordinariamente sólida. E os invasores conheceram a sua primeira derrota tentando conquistá-la.

A partir daí a estratégia de “guerra lenta” começou a funcionar. A extraordinária firmeza de Matias manteve a luta adiante, durante mais de dois anos. Contudo, com a traição de Domingos Calabar, o Arraial do Bom Jesus, quartel-general da resistência foi finalmente capturado pelos holandeses. Após a derrota, retirou-se para a Bahia, junto com milhares de pernambucanos.

A grande retirada, porém, desagradou profundamente os espanhóis, que o chamaram de volta para a Europa, onde ficou preso por cinco anos. Mas, quando Portugal declarou independência da Espanha, em 1640, ele saiu da masmorra para se tornar Governador do Alentejo, e herói da batalha de Montijo, que deu fim a uma dominação de oitenta anos. Em reconhecimento pela vitória alcançada, D. João IV proclamou-o Conde de Alegrete.

Alquebrado e doente, contudo, após tantos anos de guerra e prisão, em condições duríssimas, Matias de Albuquerque retirou-se da vida pública. E morreu em Lisboa, em 1647, aos 52 anos de idade, com o Pernambuco pelo qual tanto lutara ainda sob o domínio holandês.

Matias de Albuquerque foi o herói do Novo e do Velho Mundos, luso-brasileiro dos mais típicos, defensor da integridade territorial da pátria de seu pai e da terra em que nasceu. Seu princípio de vida era a lealdade. Assim dizia a seu rei: "Tem Vossa Majestade a seus pés o mais leal vassalo que pode desejar".

 

 

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